«Contemplando
a multidão, encheu-SE de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como
ovelhas sem pastor»
Olhai
em volta, meus irmãos […]: porque há tantas mudanças e lutas, tantos partidos e
seitas, tantos credos? Porque os homens estão insatisfeitos e inquietos. E
porque estão eles inquietos, cada um com o seu salmo, a sua doutrina, a sua
língua, a sua revelação, a sua interpretação? Estão inquietos porque não
encontraram […]; tudo isso ainda não os levou à presença de Cristo que é
«alegria e delícias eternas» (cf Sl 16,11). [...]
Triste
espetáculo: o povo de Cristo errando pelas colinas «como ovelhas sem pastor». Em
vez de procurarem nos lugares que Ele sempre frequentou e na morada que Ele
estabeleceu, avêm-se com projetos humanos, seguem guias estranhos e deixam-se
cativar por opiniões novas, tornando-se joguetes do acaso e do humor do
momento, e vítimas da sua própria vontade. Estão cheios de ansiedade, de
perplexidade, de inveja e de preocupações, e são agitados e «levados por
qualquer vento da doutrina, pela malícia dos homens e a sua astúcia, a
extraviarem-se no erro» (Ef 4,14). Tudo isso porque não procuram «um só Senhor,
uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos» (Ef 4,5-6) para nele
encontrarem «descanso para o espírito» (Mt 11,29).
Beato John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador do Oratório em Inglaterra
Sermão «Invisible Presence of Christ», «Sermons on Subjects of the Day», n°21