terça-feira, 21 de julho de 2020

O que fazemos do Mestre?

Que fazem os homens do Mestre divino
no campo das lições diárias? 

Os ociosos tentam convertê-lo em oráculo
que lhes satisfaça as aspirações de menor esforço. 

Os vaidosos procuram transformá-lo em galeria de exibição, 
por meio da qual façam mostruário permanente de 
personalismo inferior. 

Os insensatos chamam-no indebitamente à aprovação
dos desvarios a que se entregam, à distância do trabalho digno. 

Grandes fileiras seguem-lhe os passos, qual a multidão que o
acompanhava, no monte, apenas interessada na multiplicação
de pães para o estômago. 

Outros se acercam dele
, buscando atormentá-lo, 
à maneira dos fariseus arguciosos, rogando “sinais do céu”.

Numerosas pessoas visitam-no, imitando o gesto de Jairo, 
suplicando bênçãos, crendo e descrendo ao mesmo tempo. 

Diversos aprendizes ouvem-lhe os ensinamentos, 
ao modo de Judas, examinando o melhor caminho de
estabelecerem a própria dominação. 

Vários corações observam-no, com simpatia, mas, 
na primeira oportunidade, indagam, como a esposa
de Zebedeu, sobre a distribuição dos lugares celestes. 

Outros muitos o acompanham, estrada afora, 
iguais a inúmeros admiradores de Galileia, 
que lhe estimavam os benefícios e as consolações, 
detestando-lhe as verdades cristalinas. 

Alguns imitam os beneficiários da Judeia, 
a levantarem mãos-postas no instante das vantagens, 
e a fugirem, espavoridos, do sacrifício e do testemunho. 

Grande maioria procede à moda de Pilatos que pergunta
solenemente quanto ao que fará de Jesus e acaba crucificando-o,
com despreocupação do dever e da responsabilidade. 

Poucos imitam Simão Pedro que, após a iluminação
no Pentecostes, segue-o sem condições até a morte. 

Raros copiam Paulo de Tarso que se ergue, na estrada do erro,
colocando-se a caminho da redenção, passando por impedimentos
e pedradas, até o fim da luta.

[Vinha de Luz]