sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Consentir na conversão


Comentário do dia: 

Santa Catarina de Génova (1447-1510), leiga, mística 
O livre arbítrio 

Consentir na conversão

Deus alenta o homem a levantar-se do pecado, ilumina-lhe a inteligência com a luz da fé, e a seguir, por meio de um certo gosto e deleite, abrasa-lhe a vontade. Tudo isto realiza Deus num instante, se bem que nós o descrevamos com muitas palavras e o situemos num intervalo de tempo. 

Deus produz esta obra com maior ou menor intensidade, de acordo com o fruto que prevê obter. A todos é dada luz e graça a fim de que, fazendo cada um o que estiver a seu alcance, possa salvar-se pelo simples fato de consentir. Este consentimento dá-se do seguinte modo: quando Deus realiza a sua obra, basta que o homem diga: «Estou contente, Senhor, fazei de mim o que quiserdes; estou decidido a nunca mais pecar e a deixar, por vosso amor, tudo o que há no mundo.» 

Este consentimento e este movimento da vontade dão-se sempre que a vontade do homem se une à de Deus sem que ele próprio se aperceba disso, tanto mais que tal acontece em silêncio. 

O homem não vê o consentimento, mas experimenta uma sensação interior que o leva a dar-lhe continuidade. Nesta operação, sente-se tão fervoroso, que fica espantado e estupefato, mas sem conseguir desviar-se para outro lado. Por esta união espiritual, o homem liga-se a Deus com um laço quase indissolúvel porque, depois de o homem ter consentido, Deus faz quase tudo: rege-o e leva-o à perfeição para a qual o destinou.